quinta-feira, 27 de maio de 2010

Seres vivos não são brinquedos


Um dia chega o momento em que nos mudamos para a nossa própria casa, ou que os miúdos se andam a portar tão bem que é impossível negar-lhes o pedido, e decidimos arranjar um animal de estimação.
Nada a apontar. Um companheiro de pêlo, penas ou escamas é bom para a nossa saúde mental e sem dúvida óptimo para as crianças. Porém é uma decisão que não deveria ser tomada de ânimo leve, uma vez que há muitos pontos a considerar antes que seja tomada, pontos que muitas pessoas têm tendência a esquecer.
Um animal não é um brinquedo, é um ser do qual vamos ter que cuidar durante uma fracção considerável da nossa vida (mais de uma década se falarmos de um cão ou um gato, até setenta anos se se tratar de uma tartaruga), essa é uma questão de que devemos estar bem conscientes. Durante esse tempo temos, não só que o alimentar, como de lhe proporcionar todas as condições necessárias ao seu bem estar o que, no caso, por exempo, dos répteis, envolve a aquisição de uma panóplia de equipamento extremamente dispendioso e uma cuidadosa manutenção de habitat e alimentação. Não quer isto dizer que um pet mais comum, como um cão ou um gato, dispense semelhantes cuidados; também estes devem ter um espaço adequado a eles, quer em tamanho quer em qualidade também estes implicam despesas acrescidas com a alimentação, o veterinário, e inconvenientes, como o tempo dispendido em passeios diários, as dificuldades quando donos têm que viajar ou o facto de incomodarem os vizinhos.
Infelizmente, muito pouca gente se lembra de tudo isto quando decide adoptar um animal. Pensam apenas como ele é fofinho e como vai ser giro mandá-lo sentar ou jogar ao busca, e esquecem-se que ele vai ficar mais crescido e sem graça, que um dia pode precisar de cuidados médicos caros (especialmente se for um exemplar de uma das muitas magnificas raças criadas pelo homem que são tão bonitas por fora como deficientes por dentro), que no próximo Verão tem férias marcadas e não o pode levar, que os vizinhos não gostam de ouvir ladrar de noite.
Um cão é um ser vivo com sentimentos, não é um brinquedo que se deite fora quando se estraga ou já não é util, para arranjar outro. Antes de adoptar um animal é preciso informar-se de todos os cuidados que vai ou poderá vir a ter que ter com ele e pensar se tem na verdade disponibilidade a todos os níveis para lhe dar o que ele precisa. Se concluir que não, arranje um peluche. Não abana a cauda, mas pelo menos não se arrisca a morrer estupidamente porque o dono não quer gastar dinheiro com uma cirurgia.