sábado, 26 de junho de 2010

Ratinhos...

É um facto incontestável ser o Homem um animal diferente de todos os outros em termos de cosnciência e estrutura mental. É verdade que temos a capacidade de analisar e alterar o que nos rodeia de forma diferente da de qualquer outro. Discutível é se, pelo facto de podermos fazer tudo, temos o direito de fazer tudo.

Até que ponto a necessidade de conhecimento, mesmo que para boas causas, justifica o sacrifício de animais? É certo que existem normas éticas e princípios que têm que ser cumpridos (os queridos quatro Rs – reduction, replacement, refinement, responsability), mas até que ponto é que esse tipo de experimentações não transportam uma boa dose de inutilidade?

Digo isto porque, como estudante de Medicina Veterinária, já li um sem número de

referências a estudos com experimentação animal em que “em animais com a doença experimentalmente induzida obtivemos os resultados XYZ, porém o mesmo não parece acontecer nos casos de doença natural”. Então, para quê? Mais: se por vezes nem é possível extrapolar resultados experimentais entre animais da mesma espécie, o que dizer dos que

pretendem extrapolar inter-espécies (dos outros animais para o Homem)?

Outro ponto interessante é o facto de haver quem conteste vivamente a experimentação em primatas “superiores”, cães, e outros animais de uma forma ou de outra próximos de nós sem, porém, apontar o dedo a estudos utilizando ratos. Para aqueles que pensam no rato como uma praga que são capazes de matar à pisadela, eis algo novo para pensarem: lá por ser pequeno, um

rato continua a ser um mamífero, logo tem o tipo de sistema nervoso mais complexo na escala evolutiva, logo sofre tanto como um cão ou um chimpanzé. E esta, hein? Além disso, até que ponto é justo hierarquizarmos os animais segundo esse critério? Será mais lícito fazer experiências com peixes? E com moscas? Uma discussão que dá pano para mangas.

Ainda mais interessante: a igreja católica denunciou escandalosamente a inseminação artificial, a clonagem, o aborto, como atentados à obra de deus, mas não me lembro de nenhum comentário acerca de injectar cancros em animaizinhos no interesse da ciência... Hum... deve ter-lhes passado.

Pessoalmente, tenho a séria esperança de que um dia a experimentação animal vai ser considerada bárbara e ilegalizada, e todos os estudos serão retrospectivos ou feitos com base voluntários humanos (se é ao seu bem-estar que são dirigidos). Bem como as touradas... mas isso é assunto para próximo post.

4 comentários:

  1. Esqueceste-te de mencionar como as pessoas rapidamente esmagam "camundongos" como se fossem baratas e não pensam duas vezes em envenena-los e deleitam-se enquanto vêm os animais a esvairem-se em sangue pelos olhos. É verdade que os roedores não nos vão buscar o jornal e o deixam aos nossos pés mas isso faz deles menos importantes? acho que não

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  2. concordo plenamente... e essa da igreja católica enfim...passa-lhes muita coisa ao lado... Nomeadamente a Moralidade e Humanismo!! mas não sei se consigo partilhar da tua esperança...o ser humano vai continuar a ser ruim e ordinário durante largas gerações infelizmente.

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  3. E porque é que nós (Humanos) somos os mais inteligentes? Os outros animais também comunicam entre sim e sobrevivem à milhares de anos (ao contrário do ser Humano, q se destrói a cada dia que passa)...

    Quem é o mais inteligente? o q faz um arranha-céus e vive 20 anos, ou outro alguém q faz uma barraca e vive 100 anos?... =P

    Bem, eu nem moscas mato, acho uma parvoíce...

    Beijinho***

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  4. Eu não disse que somos mais inteligentes, disse que somos diferentes! Não disse se era uma diferença negativa ou positiva :P

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