quinta-feira, 15 de julho de 2010

"Os mortos nã bebem!" Nem sentem o fofinho...

Um morto, por definição, é alguém que já não existe. Ou então considera-se que “morto”

designa o corpo dessa pessoa, e nesse caso existe mas, como não pensa, não sente, não aje e, em geral,

não funciona, é como se não existisse.

Tendo isto em conta, acho natural perguntar-me o porquê de corpos sem vida serem mais bem tratados para irem para baixo dos torrões do que muitos vivos durante o dia-a-dia. Os referidos

aglomerados inanimados de matéria orgânica têm direito a:

  • leito em boa madeira, trabalhado, aplicado, acolchoado a cetim, em resumo, melhor que

    aqueles em que muitos vivos dormem (e certamente mais caro);

  • montes e montes de flores, em arranjos e coroas exuberantes de dezenas de euros, que dois dias depois estarão completamente murchas sem que o desgraçado que vai no caixão, a quem supostamente são oferecidas, as chegue a ver;

  • pedra túmular ou jazigo de mármore que também não é propriamente oferecido.

Não quero dizer que não se deva prestar uma homenagem a quem morre, mais que não seja para satisfação de quem perdeu uma pessoa querida. Porém quando penso na quantidade de pessoas que existem neste mundo sobrevivendo com recursos menos que escassos, todos estes gastos com alguém que não disfruta nem voltará a disfrutar desses ou de quaisquer outros bens terrenos me parecem despropositados. Já para não falar das árvores que morrem para encaixotar o morto.

Não bastaria um lençol branco e uma flor apanhada no campo? Haverá mesmo necessidade de tanta ostentação? Se se quer honrar muito uma pessoa amada não será melhor fazê-lo em vida da mesma, quando o pode ver e apreciar?

Pessoalmente não me importo de, quando for a minha vez de esticar o pernil, ser enterrada enrolada num lençol com uma estaca de pau marcar o local. Aliás, podem simplesmente mandar-me para uma estação de incineração juntamente com encéfalos bovinos, qual subproduto M1. Queixar-me não irei, com certeza!


2 comentários:

  1. Eu quero ser "cromado", n sai tão caro... =D

    Kiss ***

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  2. Isso é uma grande verdade, a ultima coisa que eu quero é essa ostentação, eu gostava que me enterrasem no campo e plantassem um carvalho no sitio e talvez uma lápide a dizer "aqui jaz o fdp do ivo xD"

    grande desperdicio de matéria orgânica que vai para aí, os abutres agradeciam :p

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